quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Perspectivas

PERSPECTIVAS DO

DECÁLOGO HUMANISTA

- A Prática e a Gramática da Tetralogia Analítica –
José Jorge Peralta
I
UM NOVO PARADIGMA HUMANISTA - VIVENCIAL
1. O Decálogo Humanista, transcrito adiante, propõe-se com um despertador das consciências vivas da nossa sociedade. Quer chamar a atenção para valores perenes, que muito vão soterrando num mar de desinformação desestruturante, que já abala a sadia convivência humana,  a integridade das pessoas e a harmonia universal de todas as espécies.
No Decálogo, temos em vista as Duas Cidades: a que temos, a Megalópolis e a que queremos, a Macrópolis. A Macrópolis é a humanização da Megalópolis. É um paradigma e um ideal a perseguir: um estado de espírito.
A Macrópolis será sempre uma bela utopia. Estará nas dimensões de um ideal que podemos alcançar paulatinamente. É algo que, se quisermos, será possível.
A cidade é feita de pessoas. Para estas se preparam equipamentos urbanos. Não o inverso, como muitas vezes acontece. É questão de conseguir ver e apreciar valores superiores,   além dos circunstanciais.
O Decálogo Humanista propõe alguns parâmetros de atuação e convivência social, como garantia da prioridade da pessoa humana, onde deve mirar o enfoque do gestor.
O Decálogo acredita que a consciência, a competência e a solidariedade poderão superar a mediocridade que se alastra, como pandemia, em nosso tempo.

2. Os parâmetros do Decálogo partem da consciência da pessoa; não lhe são impostos de fora. A pessoa consciente, procura estar ciente de como deve agir; como ser alguém de compromisso humano e social, sem imposições externas. Gente que não se omite nem segue a filosofia dos quatro macaquinhos: não vejo, não ouço, não falo, e não faço. Gente que faz e vê, ouve e fala. A Lei mais eficaz é a da consciência. Não precisa de imposição nem de repressão. Não está escrita em Códigos, mas no coração e no pensamento.
O Decálogo está vinculado à Filosofia Tetralógica e ao Pacto Humanista Global, uma entidade humanista, sem organização social.  Um pólo de reflexão, abrindo novas fronteiras, na consciência de cada um. São princípios que as pessoas vivenciam, onde quer que estejam, em sua consciência humanística e cívica.
O Pacto cabe em qualquer linha filosófica, espiritualista ou sociológica. São princípios norteadores de uma vida melhor, comprometida com o bem comum, e com a prosperidade solidária e altruísta.
O Decálogo Humanista está escrito em tábuas da lei, guardadas no coração, na mente e no psiquismo das pessoas.  Aqui apenas o lembramos, para que não caia no esquecimento. Não substitui o Decálogo bíblico; antes lhe dá novas dimensões e o pressupõe. Aqui damos as mãos a muitos milhares de pessoas que, pelos quatro cantos  do mundo, trabalham na mesma messe, com idênticos propósitos.

3. O Decálogo é feito para gente e não para vestais, gente que sente, sofre e ama; gente que ouve, vê e fala; gente de pés no chão e cabeça no alto; gente que trabalha sofre, se alegra e resolve; gente que sabe o que é adversidade; gente que vê e sente para além dos fatos materiais; gente para quem  a vida não é apenas uma aventura circunstancial, que, como o vento, se esvai; gente que não se omite e nem desiste; gente que não brinca com palavras vazias; gente de grandes ou pequenos ideais; gente real; gente de sucesso e gente sofrida; gente competente e consciente, dedicada e ousada... Gente, gente como toda a gente que vive e sente... Gente precária, com deficiências naturais, mas também com valores e talentos excepcionais.
Esta gente  forma a base de uma sociedade mais eficiente, próspera e consciente. Gente que não fica fechada em gabinetes, distribuindo oráculos inquietantes, ou soluções mirabolantes, sem compartilhar emoções e vivências, sem escutar e sem observar o mundo ao seu redor, sem escutar o clamor das ruas, das praças e dos becos, onde o povo está.

4. O Decálogo é feito para gente que considera que as instituições devem ser espaços estimulantes, agradáveis, acolhedores e produtivos;
Que considera que nesta obra devem estar comprometidos todos os agentes da instituição, em todos os setores de atuação;
Que considera que o desenvolvimento é obra coletiva que deve ser construído com qualidade, eficiência  e persistência.
Gente que sabe que a cidade deve ser amada e não apenas usada; Gente que sabe que a cidade se faz mais com pessoas educadas do que com grandes prédios, grandes viadutos e grandes empreendimentos, por mais belos que sejam. É questão de prioridade existencial.
Gente que sabe que a falta de uma educação séria e solidária põe a perder a paz, a justiça e o bem-querer.
Gente que está convicta  de que cada um precisa saber fazer o seu projeto de vida, com ciência, sabedoria, liberdade e responsabilidade social e pessoal.
O projeto Macrópolis, pensa a cidade que queremos, para a atual e para as próximas gerações; para o próximo centenário e não apenas a cidade que queremos para as próximas eleições.
Precisamos pensar em escala planetária e existencial.
Num mundo real sabemos que o paradoxo nos surpreende, por toda a parte.
Sabemos, em contraponto, que a cada ação responde uma reação, em busca do equilíbrio possível.
II
UMA NOVA TRINCHEIRA E UM DESPERTADOR
5. O Decálogo Humanista surge como uma reação a um certo farisaísmo disfarçado que se alastra, em alguns setores da sociedade contemporânea, em escala global.
Há um fascismo latente entrincheirado, em um discurso do agrado da platéia, Tais discursos servem para levantar uma bandeira “de justiça social”, que é usada como viseira..., condicionante do ponto de vista das pessoas e manipulando-as.
Defende-se a humanidade, em termos abstratos e distantes, mas não se dá o mínimo respeito à Ética e às pessoas que cercam os pretensos defensores, como se fala em proteger  a Amazônia, mas não se protege o verde das praças e avenidas, ao nosso lado. Dizem amar os distantes, mas rejeitam os próximos...
Falam de caridade, em abstrato, mas são calculistas gananciosos, que fecham os caminhos para os excluídos...
Prometem dias melhores para o mundo, agindo como teóricos privilegiados, estatelados em fofas poltronas, em gabinetes acarpetados, à prova do ar e do som que vem das ruas e dos espaços  que ocupam os excluídos e humilhados, sem direito a uma educação de qualidade, deserdados...

6. O Decálogo propõe-se como uma trincheira, que possa dar às coisas o devido nome, rasgando máscaras e abalando o grande estelionato educacional e político que  compromete a nossa sociedade, a partir de concretos grupos sociais: aqueles com quem cruzamos dia-a-dia.
O Decálogo, como já afirmamos, propõe-se como um despertador, que quer chamar a atenção das pessoas para certos valores essenciais, que vão sendo esquecidos em muitos meios, ou que já têm espaço restrito, neste mundo de superinformação que já leva à desinformação.
Queremos extirpar os eufemismos manipuladores.
Queremos dar à justiça, o nome de justiça e à injustiça, o nome de injustiça; à ganância, o nome de ganância; à violência, o nome de violência; à falsidade, o nome de falsidade; ao farisaísmo e à  hipocrisia , o nome de farisaísmo e hipocrisia; ao fascismo, o nome de fascismo; à teoria, o nome teoria e à prática o nome de prática; à solidariedade,  o nome solidariedade, e à opressão o nome de opressão; ao respeito, o nome respeito e à cooptação, o nome de cooptação; à cumplicidade, o nome de cumplicidade e à omissão, o nome de omissão; à soberania, o nome de soberania e á subjugação, o nome de subjugação. E muito mais.
O fascista típico apela para algo “belo”, abstrato, como a “humanidade”, que deve substituir as pessoas reais, sempre incômodas, que vivem ao seu lado. Estas devem ser dizimadas, em favor do modelo teórico “politicamente correto”, autômato, forjado em algum gabinete anômalo.
Diziam os antigos romanos que “o povo quer ser enganado”. Pois a Macrópolis afirma que o povo está cansado de ser enganado.

III
MACRÓPOLIS, A CIDADE LUZ
Focar as Causas com Lealdade
7. Visando fornecer elementos de reflexão, e auto-consciência, resumimos neste DECÁLOGO, as normas que norteiam a vida pessoal e social e a formação de uma cidade de pessoas, com boa educação e altos princípios éticos e humanísticos. Cada um precisa fazer sua parte, com  qualidade e competência, dedicação e persistência, para o bem próprio, de todos  e de toda a nação. Cada um aja pelas forças que lhe vêem do seu interior, pela consciência.
A cidade é uma questão social e não uma questão policial. A polícia entra apenas para coibir atos anti-sociais, quando a educação não soube ser eficiente para todos.
Os parâmetros aqui expostos precisam ser procurados, em toda a parte onde a pessoa atua. São um rol dinâmico e nunca fechado ou exaustivo.
A cidade não é um espaço de demagogos,  de populistas ou de aventureiros golpistas. É antes espaço de estadistas e de educadores. Isto na teoria. Na prática se inverte. Os demagogos roubam a cena.
Devemos chamar a atenção, de novo, para não confundirmos nomes e coisas ou sujeitos.
Para ser educador não basta apenas ter o nome de educador; é antes, pensar, agir, saber e sentir como tal.
Educadores de nome, temos muitos; EDUCADORES de fato temos muito poucos. Saibamos então valorizá-los e multuplicá-los.

8. Não podemos continuar a enganar as pessoas, com uma pseudo-liberdade, que antes é subjugação.
A educação na Macrópolis é atribuição de uma cidade de educadores: os professores, os comunicadores, os sociólogos, psicólogos, arquitetos, engenheiros, advogados e administradores. É feita na família, na escola e em toda a sociedade. É uma cidade educativa.
O Pacto Humanista sabe que os Demagogos, populistas e corruptos vão ocupando o lugar dos educadores, dos políticos, dos estadistas e dos que têm um ideal que prioriza as pessoas, a dignidade, a honra, a competência, cooperação e a persistência.
A Macrópolis é a cidade dos humanos; a cidade que eles são capazes de sonhar e, aos poucos, querem e podem implantar, se os  demagogos deixarem a consciência coletiva do povo falar, reagir e atuar.
A Macrópolis é a Cidade Luz, sem becos morais infétidos que podem contaminar as pessoas.
Precisamos saber promover humanamente as pessoas excluídas, que vivem em becos de pobreza. Mas só o conseguiremos, se extinguirmos os “becos” da falta de ética dos exploradores venais.
Precisamos extinguir os problemas, primeiro nas suas causas; os efeitos logo se diluirão.
A Macrópolis quer recuperar e revigorar as forças matriciais da Nação e da cidade.

9. O Decálogo está vinculado à Filosofia Tetralógica e ao texto: “Paradoxos e Paradigmas” da vida contemporânea. São pontos para discutir, em situações específicas. Quer ir muito além de certa mediocridade que vai se disseminando por toda a parte.
O Decálogo prioriza a formação do caráter e da consciência  das pessoas, como base de toda a revitalização da cidade, criando um mundo solidário, de paz e de justiça, onde, cada um poderá ter condições de ganhar o próprio sustento e dos seus, sem dependência nem cabresto. O contrário disto é o mundo tutelado, por aproveitadores, sem escrúpulos e sem ética, que também existem.
O Decálogo é um espaço aberto, com amplas portas e janelas. Mostra caminhos sem os impor. Atende  a perguntas; esclarece. O Decálogo pensa que impedir  as perguntas é marca do obscurantismo, indigna de pessoas inteligentes. O Decálogo busca a claridade para as pessoas que cultivam a auto-consciência.
O Decálogo dissipa o obscurantismo e a mediocridade daí decorrente, como o sol dissipa a escuridão da noite.

O Decálogo Humanista tem, como suporte, dez palavras-chave:
1- Participação; 2- Urbanidade; 3- Ética; 4- Motivação; 5- Aprimoramento; 6- Produtividade; 
7- Reforço; 8- Economia; 9- Espírito Democrático; 10- Qualidade.
Cada princípio do Decálogo é desdobrado em outros tópicos correlatos.

10. Precisamos pensar nas pessoas e nas instituições, quando pensamos na revitalização da cidade. Em função destas são pensadas as praças, avenidas e viadutos; a arborização e preservação do meio ambiente, no solo, no ar e nas águas, e tudo o  mais que forma a estrutura funcional da cidade.
O Decálogo Humanista, ao desenvolver a consciência cidadã, vai afastando as sombras  da mediocridade e da arrogância que tanto mal trazem a convivência humana, como o sol dissipa a escuridão da noite, saudando um novo dia. O decálogo propõe-se  revitalizar a pessoa, como alguém dotado de pensamento, sentimento, atuação e alteridade, alguém que pensa o ser humano em sua totalidade... o ser Humano Integral; a Pessoa Tetralógica.

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